quinta-feira, 1 de janeiro de 2015







 Jesus foi casado?



   
                                                      

Perguntaram a Dominic Crossan, o conhecido e liberal estudioso sobre Jesus, no Beliefnet.com se Jesus havia se casado. Sua resposta sarcástica começou assim: Há um princípio antigo e venerado na exegese (interpretação) bíblica: o que se parece com um pato, anda como um pato e grasna como um pato, deve ser um camelo disfarçado. Vamos aplicar esse princípio ao suposto casamento de Jesus.
Não existe nenhum indício de que Jesus tenha se casado (parece um pato), várias indicações de que não tenha se casado (anda como um pato) e nenhum texto antigo que sugira mulher e filhos (grasna como um pato)... então ele só pode ter tido um casamento secreto (um camelo disfarçado). De certa forma, ouvir tal pergunta sobre se Jesus foi casado soa estranho. Quase todo mundo entende que Jesus era tão dedicado ao seu ministério que permaneceu solteiro. Uma visão sobre as alegações de que Jesus foi casado Embora concorde com a avaliação de Crossan, responder com humor ou simplesmente desviar-se da questão sobre se Jesus foi casado é uma reação inadequada. Algumas pessoas deram as razões de por que acreditam que Jesus tenha sido casado. Em O Código Da Vinci, a Opus Dei tenta encobrir o fato de que Jesus tinha uma família e filhos para proteger sua santidade. No romance, a Opus Dei é uma sociedade secreta da Igreja, cujo objetivo é proteger a Igreja de todas as formas. O romance sustenta a teoria do casamento de Jesus em duas bases: (1) Não se casar seria antijudeu (p. 262); (2) De acordo com os escritos gnósticos, Jesus beijou Maria na boca e os apóstolos tinham ciúme de sua relação com ela (p. 263-264). Para completar este estudo, quero acrescentar outros argumentos de fora do romance freqüentemente apresentados para sustentar a teoria de um casamento de Jesus. Mas antes devo dizer algumas coisas. (1) Não há nenhuma prova que indique explicitamente que Jesus tenha se casado. (2) Uma das poucas coisas em que concorda a grande maioria dos estudiosos, liberais e conservadores, sobre Jesus é que ele foi solteiro. Crossan,
em seu artigo no Beliefnet.com, não viu a necessidade de defender o ponto de que Jesus foi solteiro. Para ele, isso era óbvio. É muito incomum nos estudos sobre Jesus que estudiosos de todas as linhas concordem em um ponto. Quando isso acontece, deve ser notado. Um ponto de unanimidade é quase sempre correto. (3) Por outro lado, não há nenhum texto explícito declarando que Jesus era solteiro.(4) Seria fácil para os escritores do Novo Testamento em várias ocasiões, dizer que Jesus era casado, se esse fosse o caso.(5) Mesmo se Jesus tivesse se casado, isso não teria o efeito devastador sobre sua divindade que as visões conspiratórias alegam.Vamos começar pelo último ponto. Jesus fez muitas coisas que desabonaram sua condição divina. Ele comia, bebia. dormia, cansava-se, viveu e morreu. Seu dia-a-dia era o normal de uma existência humana. Sua vida era diferente por causa de sua relação com Deus, de seu acesso ao poder divino e de sua ressurreição. Uma das crenças mais básicas da fé cristã é que Jesus era 100% humano. Então, se tivesse se casado e fosse pai, sua relação conjugal e
sua família teoricamente não diminuiriam sua divindade, mas seriam apenas reflexos de sua completa humanidade. Se Jesus tivesse se casado, não haveria motivos para que tal fato fosse escondido. Os argumentos racionais sobre o acobertamento de supostas relações não têm fundamento na teologia. Na teoria, se Jesus tivesse se casado, ainda poderia ter sido o que foi e feito tudo o que fez. Isso nos leva a uma outra pergunta: que indícios existem de que Jesus foi casado ou não? 1. Maria viajava com Jesus Vamos considerar o raciocínio surgido para alegar que Jesus foi casado. A principal evidência está em Lucas 8:1-3, que já vimos anteriormente. Três mulheres viajaram com Jesus dando assistência aos membros de seu ministério. A alegação é que viajar com homens ou acompanhá-los dessa forma era culturalmente incomum. Isso é verdade. A dedução, portanto, é que Jesus e Maria deveriam ser casados para que esta situação fosse normalmente aceitável. Porém, para chegar a tal dedução, devemos ligar essa idéia a textos adicionais posteriores. Esses textos dizem que Jesus tinha uma relação especial com Maria Madalena. Tal ligação se faz necessária porque Lucas 8:1-3 cita três mulheres: Suzana, Joana e Maria Madalena. Se viajar com os discípulos em ministério sugere um casamento, então Maria devia estar exclusivamente relacionada a Jesus, o que Lucas 8:1-3 não faz. 2. Outros textos mostram que Jesus e Maria tinham uma relação especial. Outros indícios completam este argumento. Textos de um século ou mais depois de Lucas indicam que Maria tinha uma relação especial com Jesus, o que poderia indicar um casamento. Este é um argumento ao qual o romance apela. Os textos são os últimos de caráter gnóstico, os livros de Filipe e Maria de Magdala, que citamos ao analisar quem foi Maria Madalena. Eles incluem a idéia de que ela era companheira de alguém, provavelmente de Jesus, uma vez que viajou com ele e foi beijada (embora não se saiba em que parte do corpo nem em que situação.) Nenhuma passagem nesses livros afirma com veracidade que Jesus tenha sido casado. O máximo que pode ser dito é que Jesus amava Maria mais do que aos outros discípulos e que houve alguma demonstração de afeição não esclarecida. Também não há nenhuma declaração sobre se as informações nesses textos posteriores são precisas, isto é, se as fontes são confiáveis. As alegações supõem a precisão desses textos. Mesmo se os textos forem precisos, as afirmações contidas neles nem de longe provam que Jesus foi casado (como já vimos no
Código 1). Existe uma ironia na utilização de textos apócrifos. É que algumas pessoas levantam questões e dúvidas sobre alguns dos Evangelhos bíblicos, considerando-os prejudiciais. (A crença é que os textos bíblicos refletem o ponto de vista dos "vencedores" da história da Igreja, e por isso não são uma fonte confiável. Tais textos negariam a variedade existente no cristianismo dos primeiros séculos.) Porém, mesmo escrevendo mais de um século mais tarde, no que parecia ser o auge do cristianismo, esses autores são vistos como inquestionavelmente autênticos. Por que lhes faltam críticas ou preconceito? Esses textos apócrifos também não poderiam estar distorcendo os fatos como os textos dos "vencedores" estariam? O que os torna imunes aos questionamentos? Voltaremos a esse ponto mais detalhadamente nos Códigos 4 e 5. Por enquanto, devemos nos lembrar de duas coisas: (1) esses textos, mesmo se autênticos, não dizem que Jesus foi casado; (2) esses textos precisam ser submetidos às mesmas visões críticas que alguns dedicam ao material bíblico mais antigo. É provável que tais textos jamais relacionem explicitamente Jesus e Maria como marido e mulher, porque esses
autores compartilhavam o conhecimento comum de que Jesus não era casado. Um segundo argumento para o casamento de Maria Madalena com Jesus vem do episódio da pecadora que o consagra em Lucas 7:36-50. O argumento é que esta cena não seria tão ofensiva se a mulher fosse sua esposa. Essa abordagem apresenta problemas já mencionados. A mulher que consagra Jesus em Lucas 7 não deve ser confundida com Maria em Lucas 8. E mais: o ato da mulher retratado em Lucas 7 foi visto como ofensivo. Como resultado, a observação dos judeus foi de que, se Jesus soubesse que tipo de mulher ela era. não teria permitido a consagração (Lucas 7:39). Como tal argumento poderia ser usado se a mulher fosse sua esposa? Para abordar este texto dessa forma, deve-se pôr em dúvida o que Lucas 7 apresenta. Porém, se esse texto for impreciso em sua retratação, então o que ele pode oferecer de valioso à nossa questão? Ou Lucas 7 é verdadeiro - e esclarece que Jesus não era casado com a mulher que o consagrou - ou o texto é tão impreciso que não nos ajuda em nossa questão. Eu acredito que o texto seja preciso. Ele se encaixa nas descrições freqüentes de um Jesus de braços abertos aos pecadores que vinham a ele. De qualquer maneira, Lucas 7 não sustenta a idéia de que Jesus tenha se casado. 3. Jesus, como bom judeu, deveria ser casado Os que alegam que Jesus tenha sido casado apontam uma terceira razão, e o romance também tira proveito disso: como Jesus era um professor e agia como um rabino, deveria ter seguido os costumes judeus e ter se casado. Dois fatos enfraquecem essa teoria. Primeiro, Jesus não era tecnicamente um rabino nem se comportou como um. Os apóstolos o chamaram de rabino em Mateus e Marcos porque ele agia como um professor, não porque tivesse alguma função judaica oficial. Na verdade, quando Lucas descreve o papel de Jesus, usa o termo professor, não rabino. Os judeus perguntaram a Jesus com que autoridade ele fazia algumas coisas, já que não ocupava nenhum posto oficial dentro do judaísmo que o permitisse agir como agiu dentro do templo (Marcos 11:28). Jesus não era rabino e nem sempre agia como um. Pelo que se conhece sobre líderes judeus, Jesus não tinha nenhuma função oficial reconhecida no judaísmo. Segundo, o ensinamento de Jesus sobre o chamamento do reino para ser eunuco parece estar baseado em seu compromisso e exemplo de não se casar (Mat. 19:10-12). Por que Jesus faria tal declaração, reconhecendo que isso seria uma exigência, se não tivesse intenção de segui-la? O raciocínio posterior da Igreja Católica Romana de que os padres não devem se casar está baseado na visão de que Jesus não foi casado. Voltaremos à questão de que seria considerado anti-judeu um judeu não se casar, no próximo capítulo, o Código 3. 4. Uma resposta cultural: homens e mulheres judeus em Qumran. E o que dizer sobre a prática judaica incomum de mulheres, como Maria Madalena, vivendo ao lado de homens? Há um precedente desse tipo em Qumran, mais conhecida como comunidade dos Manuscritos do Mar Morto, um enclave judeu separatista que ficava próximo ao Mar Morto desde o século II antes de Cristo até várias décadas após sua morte. Esta comunidade levanta a possibilidade de que pessoas vivam juntas por razões religiosas e mesmo assim não se casem. Sabemos que homens e mulheres judeus viveram juntos no deserto, alguns aparentemente em estado de celibato como expressão de seu compromisso com Deus. Há indicações de que os homens nesta comunidade optaram pelo celibato porque as mulheres viviam próximas a eles em uma comunidade separada. Crossan interpreta assim: “Sabemos também que uma teologia profundamente utópica era a base do estilo de vida dos essênios que viveram no tempo de Jesus. Conforme determinava a lei da comunidade de Qumran, "para alcançar a verdade, a justiça e a retidão na Terra" o membro bem-sucedido da seita entra para a Comunidade de Deus "partilhando suas posses". A julgar pelos Manuscritos do Mar Morto e seus esqueletos cuidadosamente enterrados, os essênios de Qumran eram um grupo exclusivamente formado por homens em celibato comum, pureza ritual e santidade escatológica, vivendo de certo modo como se fossem anjos, como se o paraíso já fizesse parte da Terra “. Crossan aponta para o que é bem sabido sobre as descobertas nos cemitérios da comunidade: os esqueletos são apenas de homens. Porém, nos arredores do cemitério principal, havia esqueletos de algumas mulheres e crianças. Estas provas do cemitério são mencionadas pelo estudioso sobre Qumran, Geza Vermes, em Os Manuscritos do Mar Morto. Muitos essênios eram conhecidos por sua insistência no celibato (Flávio Josefo, Antigüidades Judaicas 18.1.5.20-21; Guerra Judaica 2.8.2.121-22; Filo, Hipotética 11.14-17). Uma citação de Flávio Josefo, famoso historiador judeu do século I, também confirma o celibato na discussão das práticas dos essênios, a provávelseita judaica que habitava Qumran: “Também merece nossa admiração quanto os essênios  superaram todos os outros homens que se dedicavam à virtude, e o faziam com retidão e de tal forma
que jamais aconteceu entre outros homens, nem gregos nem bárbaros, e não por pouco tempo; isso durou muito tempo entre eles. Isso é demonstrado pela instituição de não terem nenhum impedimento em partilhar todas as coisas. Assim,um homem rico não possui mais de sua riqueza do que aquele que  nada tem. Havia mais de quatro mil homens vivendo dessa maneira, e nem se casavam nem desejavam ter criados, já que ter criados os tentaria a ser injustos e ter esposas lhes custaria brigas domésticas, mas, como viviam para si, ministravam uns aos outros (Antigüidades Judaicas 18.1520-21)”. Voltaremos à análise racional destas práticas judaicas no próximo capítulo, já que elas nos oferecem pistas sobre o ambiente religioso e cultural do século I. Por enquanto, devemos entender que alguns judeus não viam o casamento como uma obrigação e optavam pelo celibato como sinal de devoção. Para aqueles em Qumran, permanecer solteiro era sinal de dedicação exclusiva a Deus. Paulo exibiu uma atitude semelhante em 1 Coríntios 7 quando aconselhou as pessoas a não se casarem por causa da natureza da época; entretanto, se alguém se casasse, não estaria em pecado. A questão é que diferentes ministérios poderiam surgir em sexos diferentes. Isso não era comum na cultura, mas não significava que as pessoas fossem obrigadas a se casar ou que o celibato não fosse
praticado. Jesus como um homem solteiro A maioria dos estudiosos acreditou por muito tempo que Jesus tenha sido solteiro, e examinaremos os três argumentos que sustentam essa crença. Nenhum texto cristão disponível, bíblico ou apócrifo, indica a presença de uma esposa durante o ministério de Jesus, sua crucificação ou após a ressurreição. Quando os textos mencionam a família de Jesus, referem-se ã sua mãe e a seus irmãos e irmãs, mas nunca a uma esposa. Além disso, também não há indícios de que ele fosse solitário. Parafraseando Crossan, "Se anda como pato, grasna como pato, então é um pato!" 1. Maria não é associada a nenhum homem quando é citada pelo nome. O primeiro argumento de que Jesus foi casado nos leva de volta a passagens em Mateus, Marcos, Lucas e João, em que Maria Madalena foi citada (Mateus 27:55-56, Marcos 15:40-41, Lucas 8:2, João 19:25). Nestes textos, outras mulheres citadas aparecem relacionadas a homens conhecidos. Isso é uma pista importante, e ela se encaixa aqui. Se Maria tivesse sido casada com Jesus, essa lista de mulheres seria um bom lugar para que isso fosse mencionado, como foram relacionadas as outras mulheres a seus maridos ou filhos. Nenhuma passagem com Maria Madalena ou qualquer outra mulher lhes atribui alguma relação para indicar que Jesus tenha sido casado. Mateus, Marcos, Lucas e João foram escritos uma ou duas gerações após a vida de Jesus. A maioria dos estudiosos data o último Evangelho bíblico, o de João, por volta do ano 90. Naquela época, não havia nenhuma conspiração para esconder detalhes da vida de Jesus nem precedentes estabelecidos de que os ministros não pudessem se casar. Mais tarde, em 1 Coríntios 9:4-6, Paulo, um ministro do Evangelho, acreditava ter direito a algumas coisas, dentre elas o casamento. Direito que ele não exerceu, mas que poderia ter exercido. 2. O direito de ministros ao casamento é mencionado sem referência a Jesus. 1 Coríntios 9:4-6 pode ser o texto mais importante para esse assunto. O texto diz "Não temos nós o direito de comer e beber? Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos o direito de deixar de trabalhar?". Aqui, Paulo diz que os apóstolos, os irmãos do Senhor, e Cefas (Pedro) tinham o direito a uma esposa. Em outras palavras, tinham todo o direito de se casar. Seria fácil para Paulo acrescentar que Jesus tinha se casado se ele tivesse mesmo se casado. Tal fato reforçaria muito seus argumentos, mas ele não cita nada disso. Alguns podem discordar dizendo que Paulo mencionou apenas pessoas ainda vivas a resposta a essa discordância é que Paulo estava discutindo precedentes e direitos. Seria tão possível quanto lógico citar um exemplo do que alguém tenha feito se Jesus estivesse naquela condição. A conclusão é que Paulo não mencionou o fato porque não podia fazer tal afirmação. Esta passagem em 1 Coríntios 9 mostra que a Igreja não tem nenhum embaraço em revelar que seus líderes foram casados ou em sugerir que ao menos tinham o direito. O mesmo valeria para Jesus se ele tivesse se casado. Na verdade, se ele o tivesse feito, não haveria uma oportunidade melhor do que esta para Paulo mencionar esse fato. Isso encerraria o caso de que Paulo também teria
o direito de se casar. Paulo não menciona isso porque Jesus não foi casado. Alguns dirão que 1 Coríntios 7 pode ser lido de forma reversa. Este capítulo inteiro afirmou que permanecer solteiro era aconselhável. Por que Paulo não diz aqui sobre Jesus a mesma coisa dita no Capítulo 9 da 1 a Epístola aos Coríntios? Ele poderia muito bem ter dito que Jesus era solteiro e fazê-lo de exemplo. Isso encerraria a argumentação de Paulo, mas ela não diz nada disso. A questão é que essa afirmação pelo silêncio não prova nada. Isso faz sentido, mas uma resposta satisfatória é possível. A diferença entre as duas situações em 1 Coríntios 7 e 1 Coríntios 9 pode muito bem mostrar que nem todos os silêncios são iguais quando se trata de perceber diferenças na natureza das evidências. Paulo não precisava citar o fato de Jesus ser solteiro porque isso era um fato bem conhecido, deduzido e fora de questão. Mais do que isso e mais importante: a postura de Paulo não era pelo não-casamento, mas apenas que não se casar era aconselhável. Envolver a figura de Jesus como exemplo seria uma forma muito agressiva de sustentar uma afirmação. Ele queria que as pessoas levassem a sério a opção de permanecerem solteiras, mas não deu a entender que o casamento fosse algo errado. Por isso não mencionou Jesus. 3. Jesus não demonstrou atenção especial a Maria Madalena na cruz. Ao examinarmos a cena da crucificação, encontramos o terceiro e último argumento que indica que Jesus foi solteiro. Naquele momento, muitas de suas seguidoras, incluindo sua mãe, estavam ali. Se havia uma ocasião em que a família deveria estar presente, era aquela, a morte de Jesus. Ainda assim, nenhuma esposa é descrita na cena. Jesus estava muito mais preocupado com sua mãe, entregando-a aos cuidados de João (João 19:26-27). Além disso, se Jesus tivesse se casado, sua esposa estaria presente com sua mãe para celebrar a Páscoa judaica que os levou a Jerusalém durante o período em que Jesus foi preso. Mais uma vez, nenhuma esposa é mencionada porque não havia nenhuma. O que podemos dizer sobre Jesus ter sido casado? A discussão que envolve a possibilidade de Jesus ter sido casado é particularmente complexa. Mas toda investigação de um mistério é assim. Em alguns julgamentos, os jurados têm de ouvir testemunhas falando sobre DNA ou dupla hélice, um assunto não muito comum no dia-a-dia. Descobrir se Jesus foi casado requer uma investigação cuidadosa de textos antigos e da história judaica, assuntos não muito comuns nas conversas diárias. Há muito tempo, cristãos e estudiosos acreditam que Jesus foi solteiro, e existem boas razões para acreditar nisso. Quando ele estava em ministério, não havia nenhuma referência a uma esposa. Quando foi julgado e condenado, não se mencionou uma esposa. Após sua morte e ressurreição, não se fala de esposa. Os membros da família de Jesus - sua mãe, irmãos e irmãs - foram mencionados mais de uma vez, mas não foi citada esposa alguma. Nem mesmo havia indícios de que ele fosse viúvo. Esta não é uma argumentação tipicamente silenciosa, porque houve inúmeras oportunidades de mencionar um casamento de Jesus se ele tivesse se casado. A questão aqui é que, onde não houve um casamento, o resultado é o silêncio! Outros textos mostram que Jesus recomendava a alguns de seus seguidores uma vida solteira, um exemplo que parecia incluir a ele próprio. Portanto, nosso segundo código está quebrado. Qual a probabilidade de Jesus ter se casado? A resposta é simples: nenhuma. Então, como se explica o fato de Jesus ter sido solteiro? Este é o terceiro código que devemos investigar, porque ele nos ajuda a compreender como a cultura do século I era diferente da nossa e reforça a idéia de que Jesus tinha motivos para permanecer solteiro, mesmo que o romance afirme que ele deve ter se casado.

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